quinta-feira, 26 de março de 2015

Sombras do Passado - Capítulo 04

Quando Cláudio foi avisado por Caetano que Laura tinha sido detida pelos federais, ele já tinha pedido a interferência de alguns amigos políticos. Avisou Caetano sobre o desaparecimento da outra garota e pediu para voltar à delegacia.
Laura estava na sala de interrogatório com os cotovelos na mesa com as mãos apoiando a cabeça. As palavras daquele psicopata percorria sua espinha e lhe dava calafrios. Ela não tinha prendido a pessoa errada, viu Frederico ele estava lá. Viu o rosto dele, não podia ser um engano. Todas as imagens vinham na sua mente como um filme e quando Edmundo abriu a porta ela o olhou diretamente nos olhos. Ele trazia um café nas mãos e colocou diante dela.
- Trouxe para você – falou rindo e sentando muito próximo a ela – Viu? Não sou tão mal assim.
- O que você quer ... um Obrigada ? – empurrou o café para longe dela e não mudou a expressão dos olhos.
 
- Me conte o que aconteceu hoje na Praça e no Aeroporto em detalhes. É um imitador mesmo? Temos outra pessoa desaparecida, você sabia?
Ela foi levantar e ele a segurou pelo ombro com força desnecessária. Colocou uma das mãos na mesa e a outra manteve firme a segurando, na verdade ele apertava seu ombro e ela sentia nojo.
- Se você não entendeu ainda o que está acontecendo aqui, eu quero detalhes Laura – batia com o dedo na mesa.
Ela pegou o café que ainda estava na mesa, tomou um gole e se aproximou mais dele. Talvez ele esperasse por isso, pois quando ela cuspiu, ele estava com os olhos fechados. Edmundo com uma das mãos bateu no café que Laura tinha nas mãos que foi jogado longe e a pegou pelas roupas e a levou até a parede.
- Posso fazer você me contar o que quero de outras formas Laura
 
Ele a apertava contra a parede e seu corpo. Ela ria.
- Eu só vou falar com meu chefe, você entendeu?
Ela o empurrou na direção contrária e ele não se moveu. Edmundo sentia cada parte do corpo dela e gostava da sensação de a intimidar.
Neste momento Cláudio invade a sala e Edmundo a solta. Laura sai, mas Cláudio dá alguns passos para dentro e fica de frente para Edmundo:
- Você tem sorte que deixei Caetano no legista, estamos aguardando você a intimar para depor, antes disso, fique longe dela.
Laura encontrou Caetano voltando do legista com a autopsia da Jeniffer nas mãos. Se olharam por alguns segundos. Ela balançou a cabeça em sinal de que estava melhor e ele entregou a pasta que tinha nas mãos e começou a falar.
- Confirmado corte na lateral do pescoço, braços: quebrados e dobrados, pernas ....
 
- Eu sei, teve agressão ... -  ela parecia com medo de perguntar 
 
- Sim, mas não temos nada. Ele usou proteção, então unhas e corpo sem pistas
Enquanto eles falavam andavam em direção a sala deles. Caetano já tinha montado um quadro com as fotos e características de Jeniffer e as causas da sua morte. Ao lado tinha um perfil dos assassinatos do Coveiro. Laura estremeceu quando viu a foto da garota desaparecida. Era muito semelhante a Jeniffer e a ela também. Caetano sentou e começou a trabalhar
- Veja estes exames. Não tem nada no sangue que identifica que tomou ou ingeriu algum medicamento ou droga. Pelo menos no perfil que sua colega Jane...
- Jane? Você falou com a Jane? – Laura fechou a porta da sala
- Sim, precisava das provas antigas. Se estivermos lidando...
- Estivermos? Você vai sair do caso imediatamente  - Laura não estava pedindo
- Desculpa, mas você não é meu chefe. Qual é o seu problema Laura? – falou ríspido Caetano.
Laura fechou as cortinas e se sentou. Estava cansada e precisava se abrir com alguém.
 
- Eu não quero que você se machuque. Eu o vi Caetano, não é um imitador. Tem alguma coisa errada, ele falou coisas ele agiu como antes. Mas eu sei quem prendemos em Porto Alegre, eu o vi …. Laura levantou e andou até seu parceiro e continuou
- Deixa o caso, por favor. Não quero mais morte na polícia, foi bem complicado antes. Se ele voltou ou faz parte de algum plano, ele vai cumprir as promessas que fez da última vez. Essa garota – e apontou para a nova foto no mural –... ela - e perdeu as palavras
- Laura você precisa entender que não vou deixar o caso. Prender este maluco ... sua segurança é minha prioridade. Entenda? Vai ficar tudo bem... Confia em mim
Ela não respondeu de imediato e respirou fundo para continuar:
- Ele matou meu antigo parceiro na minha frente. Ele ... – as imagens vinham na sua cabeça - Ele é um insano Caetano, ele tem fotos suas - e quando ela vacilou novamente ele falou
- Sinto muito, nós vamos resolve isto, vamos fazer juntos – Ele a olhou firme nos olhos, existia mais que um sentimento envolvido e ele continuou – Somos parceiros – e Caetano invadiu o espaço de Laura como nunca tinha feito antes. Ficou muito próximo do seu rosto, por alguns segundos ele olhou seus lábios, viu sua respiração ofegante, tudo que precisava era dar apenas mais um passo.
E Cláudio entra na sala falando:
- Identificamos o endereço da outra desaparecida, ela se chama Megan – então Cláudio para de falar e Laura se afasta pegando seu casaco, sem falar nada.
Por alguns segundos Cláudio olha para Caetano
- Tudo bem? - Cláudio pergunta em dúvida
Caetano passa as mãos do rosto e responde:
 - Sim – e pega o documento que Cláudio tem nas mãos e sai atrás de Laura e para sua surpresa estava o esperando na porta.
Caetano sorriu e bateu no ombro de Cláudio quando passou por ele. O primeiro passo já tinha sido dado. Eles estavam juntos nisso.
Fora da delegacia num carro vermelho ele tirava fotos de Laura saindo com Caetano. O modo como ela sorria para ele, o olhava, era tudo que ele queria. A maneira como ela andava, uma perna sempre dando um passo mais largo que a outra, seu cabelo liso amarrado no topo, fazendo as pontas do rabo de cabelo passar pelas costas, isso o deixa excitado. Ele tinha prometido para Frederico que não a tocaria, mas ele não sabia se poderia cumprir a promessa.
Arrancou o carro, Megan o esperava e ele tinha planos para ela.
Laura folhava a pasta que Caetano a tinha entregado e todas as informações dos legistas levavam a acreditar que a arma usada era a mesma. Todos foram violentas e torturadas, depois quebradas e colocadas em uma caixa, tonel, caixão de vidro. Foram oito vítimas em Porto Alegre e agora eles tinham duas e uma pessoa desaparecida.
Caetano podia ver a preocupação crescendo nos olhos de Laura e diminuiu a velocidade do carro o que a fez olhar para ele:
- Vou estar com você no dia da acareação. Do seu lado … Não importa o que digam eu acredito em você
 
- Obrigada Caetano, eu sei o que vi, mas eu estou tentando montar na minha cabeça e as peças não se encaixam
 
- Provavelmente eram duas pessoas e vocês prenderam apenas uma - Caetano tentava assim como Laura buscar uma solução possível.
 
- Mas porque esperar tanto tempo …. Mais de dois anos … isso é doentio. E não faz sentido na época Guilherme .. e Jane, nós investigamos tudo que estava relacionado a Frederico e não tinha nada.
Quando ela falou o nome de Guilherme ele sentiu que ela vacilou. Ela desviou os olhos dos deles e então:
- Você nunca me falou deles, da sua equipe de Porto Alegre, Guilherme este era seu parceiro ? - ela ficou inquieta e fechou a pasta
 
- Não, ele é advogado – Caetano percebeu quando sua voz vacilou novamente – Era irmão dele. Depois da morte ficou obcecado com o caso, trabalhamos juntos, com Jane é claro.
Houve então um silêncio entre eles, algo diferente, ele tinha perguntas e ela queria falar, mas eles tinham chegado no prédio de Megan. Ele não sabia como seu parceiro tinha sido assassinado e ela contaria quando estivesse pronta.
Subiram alguns lances e chegaram ao segundo andar. Eles bateram na porta e se identificaram como da polícia, mas ninguém atendeu. Caetano fez um sinal para Laura e quando ele chutou a porta ela já estava com a arma engatilhada. Aparentemente o apartamento estava como a vítima tinha deixado, pratos sujos, alimentos na geladeira, cama desarrumada... uma luz que piscava estava deixando Laura maluca. Era o letreiro de uma casa noturna na frente. Iluminava todo o apartamento e fez Laura perceber algo do outro lado da rua. Da janela do banheiro ou de alguma sala privada da boate ele viu um homem com uma mulher. Ela estava com as mãos amarradas com lenço vermelho e certamente pelos movimentos eles não conversavam, ela queria desviar os olhos e escutar o que Caetano falava, mas a medida que as luzes do letreiro refletia a cena podia ver algo estranho. Tinha alguma coisa errada e ela foi chegando perto da janela e a intensidade dos movimentos deles aumentando até que seu coração parou. Quando ele virou ela pode ver claramente as botas brancas e as luvas amarelas e com certeza quando o letreiro acendeu ela sabia ele estava a observando.
- Não não não …. - ela deu alguns passos para trás e bateu em Caetano que viram quando uma mancha de sangue sujou o vidro e ela correu.
Caetano correu atrás gritando seu nome e a viu invadir a casa noturna. E então o cenário mudou, muitas, muitas pessoas dançando, a luz negra piscava e a música era muito alta. Ela tentou correr entre as pessoas para acessar uma escada que viu do outro lado do salão. Caetano a alcançou e a segurou firme
- Ele está aqui, cuidado – Caetano fez sinal que iria pelo outro lado e ela seguiu em frente.
Ela achou melhor guardar a arma e caminhava tentando empurrar as pessoas. Caetano do outro lado estava mais próximo as saídas e perdeu Laura de vista. O barulho era alto e a música ainda era a mesma que ela viu a cena. Quando ela chegou na escada que dava acesso a parte de cima, tinha uma placa de isolamento. Ela pulou e começou a subir.
Por mais que Caetano gritasse ela nunca ia escutar e não imaginava o que vinha na sua direção. Quando Caetano pulou e a derrubou para fora da escada caindo entre as pessoas, por eles passou um enorme tonel. Quando o tonel caiu no último degrau e quebrou o corpo de Megan se abriu e ficou no chão.



Trilha Nova - Assista ao vídeo

Sempre nos perguntamos: uma imagem fala mais que mil palavras ? Não sei, mas este vídeo do Maroon 5 nos descreve algumas das próximas cenas como se eu tivesse trocado figurinhas com Adam. As coisas estavam calmas, então vamos apimentar um pouco.
 
Então desfrute da boa música com uma pequena cena:


" ... tirava fotos de Laura saindo com Caetano. O modo como ela sorria para ele, o olhava, era tudo que ele queria. A maneira como ela andava, uma perna sempre dando um passo mais largo que a outra, seu cabelo liso amarrado no topo, fazendo as pontas do rabo de cabelo passar pelas costas, isso o deixa ..."  LOL
ANIMALS



Boa Leitura ! Acesse Capítulo 04

Beatrice Sanvitto - AC

segunda-feira, 23 de março de 2015

Sombras do Passado - Parte 03


Sentada na sala de espera do aeroporto Laura ainda não sabia exatamente como lidar com a situação. Precisava ir a Porto Alegre para verificar novamente as provas; aquelas fotos, não fazia sentido. Se o assassino realmente quisesse ela morta já teria feito.
Reencontrar pessoas, analisar todas aquelas provas novamente, a morte do seu parceiro, enfrentar todos … mas seus pensamentos ou pesadelos foram interrompidos por um ainda maior. Cláudio havia lhe enviado uma mensagem: Havia mais uma garota desaparecida, mesmas características, mesmo padrão.
Por alguns minutos ela se deixou pensar nos detalhes dos últimos acontecimentos. Sabia que não era um simples imitador. Tinha algo de muito familiar com Frederico. Tinha algo que ela tinha visto que não conseguia tirar da cabeça. De repente seus olhos viram pelo reflexo do vidro uma pessoa passar com botas brancas. Tudo na sua volta ficou lento e ela parecia escutar o andar das botas.
Levantou, engatilhou a arma e a colocou na por trás da calça jeans e da jaqueta. Quando virou na direção das escadas ela perdeu os passos entre a multidão e se abaixou para localizar o que procurava. Viu quando as botas dobraram da ala B para C e correu entre as pessoas.
Algumas pessoas ficaram assustadas de vê-la correr. Os seguranças do aeroporto logo foram notificados e começaram a ir atrás dela. Ela se deparou com uma porta paralela entre as alas e entrou mesmo tendo uma placa somente para pessoas autorizadas.
Caetano tinha chegado ao aeroporto e foi informado de uma ocorrência e correu na direção das alas laterais. Passou correndo entre os ônibus que levavam as pessoas para os aviões e não conseguia encontrar nada.
Laura estava mais distante entre as cargas e entrou num alojamento de aviões particulares. Escutou um barulho e tirou a arma das costas. Ficou com ela apontada para cima enquanto subia as escadas.
Estava subindo o último degrau quando novamente:

- Estava com saudades, Laura
 
Era novamente a voz mecânica e ela perdeu completamente o equilíbrio e caiu dois lances de escada. Sua arma foi jogada para baixo de uma das cargas e ainda no chão tentou alcançá-la, mas alguém a segurou pelo pescoço e empurrou seu rosto contra o chão.

Ela via pelo canto dos olhos as mãos com luvas amarelas e ele a mantinha pressa colocando todo seu peso contra ela. Abaixou e cheirou sua nuca até sentir o cheiro dos seus cabelos.

- O mesmo perfume...

Ela tentava se mexer, mas ele era forte. Ela escutava passos do lado de fora e não conseguia gritar por ajuda, pois tinha todo o rosto pressionado contra o chão. Ela sentia o gosto do sangue quando seu corte abriu.

- Calma … Não resista, você vai machucar seu rosto … vamos nos encontrar em breve. Vou fazer com você como eu queria. Tenho um plano delicioso – e passou a mão pelo seu corpo.

Laura tinha lágrimas nos olhos, ela o mataria com as mãos. Quando a porta do alojamento abriu, seu rosto foi jogado contra o chão e ela apagou.

Caetano correu na sua direção e ela estava desacordada. Levou alguns minutos para ela acordar, sentou no primeiro degrau da escada que tinha caído:

- Meu Deus, você esta bem? - Caetano segurava um toalha com gelo no seu rosto. Ele percebeu que ela tremia como no bueiro e a abraçou com força.
 
Em seguida entrou vários seguranças locais e um deles gritou:

- Tudo limpo, não tem ninguém aqui, senhor.
 
Ela o olhou

- Me leva daqui. Ele ainda esta aqui em algum lugar.

Ele olhou para o segurança que tinha falado e ordenou:

- Verifique todas as alas de bagagem, alimentação e alojamentos particulares como este. Encontre alguma coisa.

- Não será preciso, já estamos fazendo – entrou no prédio Edmundo

Caetano ainda tinha Laura nos braços e ambos olharam para ele. Laura se afastou de Caetano e foi para cima de Edmundo.
 
- Porque o caso agora é seu, porque a polícia federal quer, não é sua jurisdição – Caetano andou com Laura e ficou entre ela e Edmundo

- Eu não preciso explicar nada o caso já é meu – ele era arrogante

Laura foi para cima dele e Edmundo reagiu engatilhando a arma. Caetano segurou Laura pelo pulso e ela parou.

- Aonde você pensa que vai - e se aproximou de Laura, ficando na sua lateral, contrária a Caetano, que puxou Laura para longe dele, ficando de frente com Edmundo

- Como assim?

- Laura tem informações e vou interrogá-la mais tarde. Até minhas ordens ela está detida.

- Você não vai levá-la a lugar nenhum Edmundo. Não mesmo - ameaçou Caetano, mas com receio de alguma reação pior, Laura olhou para seu parceiro

- Tudo bem, peça ajuda a Cláudio. Eu vou ficar bem – e entregou para ele a toalha e recolheu do chão sua arma

Ele a viu ser levada para dentro de um dos carros dos federais e voltou a olhar Edmundo.

- Se tocar nela, Ed. Eu te mato. Entendeu?

Edmundo não olhou para ele e andou para fora do alojamento e entrou no mesmo carro que ela estava. Laura não tinha medo de Edmundo, tudo que tinha na cabeça era quem e porque.

Ainda hoje !!!!

Novo Capítulo chegando .....

Com trilha nova ......

Novos personagens no enredo, mas sempre o mesmo destino.

As escolhas de Laura farão com que ela encontre a verdade ou a morte.

Ainda hoje

Sobras do Passado - Parte 03

quinta-feira, 19 de março de 2015

Sombras do Passado - Parte 02


Caetano era forte e tinha Laura nos braços que lutava desesperadamente tentando se soltar. Ele conseguiu vira-la com muito esforço e a segurou firme com as mãos nos ombros, fazendo com que finalmente o olhasse nos olhos. Então ela parou, por uma fração de segundos Caetano pode ver todo o medo nos olhos de Laura e eles se abraçaram.
Ele em todo tempo que trabalhavam juntos jamais a tinha visto neste estado. Coberta com uma manta cinza do carro de apoio da polícia e sentada no banco traseiro, Laura recebeu os primeiros socorros. Um pequeno curativo no rosto e um grande hematoma. Caetano estava no seu lado e a viu sussurrar:
- Eu a achei Caetano, esta morta... - mas seus olhos estavam ainda buscando uma resposta
- Eu sei, vamos ... vamos embora – mas antes de levantar ele foi surpreendido
 
- Detetive Caetano, preciso que o senhor desça comigo – Um dos policiais o chamou.
Laura parecia entender mais que Caetano e levantou para ir junto, mas:
- Não me espera aqui … - e antes que ela revidasse – Por favor... pelo menos agora
O bueiro estava claro com as luzes dos legistas e de todo o corpo policial presente. Caetano observava enquanto descia as paredes arranhadas e sujas de sangue. O corte na parede ia na direção de onde tinha encontrado Laura e isso o assustava. Desceu um pequeno lance de escada e junto com o policial chegaram a uma pequena sala ou quarto. Então seu ar faltou por mais que muitos segundos, as paredes estavam cobertas por fotos de Laura. Antigas com cabelo mais curto, atuais com ele, mas uma em especial ele arrancou da parede. Ela dentro de um tonel de vinho amarrada. Seus olhos eram como os que ele tinha visto a pouco tempo.
Ele precisava tirar Laura dali urgente. Caetano não precisava de um monte de explicações, sabia o que tinha acontecido ou imaginava, mas não acreditava que ela tinha escondido isso dele. Não dele. Quando chegou perto do carro, Laura não estava mais.
Ele sabia onde ela tinha ido e sabia porque. Mas ele ia perguntar mesmo assim.
Marcus não ficava mais que algumas quadras da sua casa e sentada na mesa do canto, Laura pode ver quando Caetano entrou e sentou na sua frente. Sofia trouxe uma xícara para ele, mas ele não deixou ela perguntar se ele queria:
- Sofia, pode nos dar licença – sua voz era firme quase rude
Laura finalmente o olhou. Ele tirou do bolso a foto que tinha pegado e colocou na mesa. Tudo que ele queria era a verdade, dela.
- Caetano, eu não …
- Não comece uma frase com eu não, comece com a verdade. Olha para mim - ele foi firme, firme como era como se estivesse trabalhado
Ela olhou nos seus olhos, não havia raiva, tinha algo como decepção.
- Isso foi a alguns anos atrás, ele foi preso, julgado e então hoje ... estou tão assustada quanto você … - Ela pegou a foto e a virou – Não tinha motivos para te contar ...
- Você não entendeu … Eu quero saber como você está ? Porque não me falou da que o cara pode ser solto, porque não dividiu comigo.... Ele segurou a mão dela, mas ela recuou e olhou em volta
- Não, eu não sei o que estava lá em baixo, quem e não quero você envolvido nisso...
- O que me envolver … Ele ou quem quer que seja, está te seguindo a meses, Laura, meses … Você entende isso ? - Então ele colocou outras fotos na mesa.
Laura ficou em silêncio e uma das fotos chamou sua atenção. Era antiga, não em São Paulo em Porto Alegre. Ela a pegou e colocou no casaco. Havia fotos de Caetano com ela, muitas.
- Preciso ir a Porto Alegre, já falei com Cláudio …
- Certo, eu preciso resolver umas coisas …  
- Não ... vou sozinha … - E o olhou novamente, Caetano suspirou, levantou recolheu as fotos e deu dois passos ficando ao lado dela
- Eu vou pegar o avião com você, porque hoje não estamos discutindo o que você quer, mas o que você precisa.
Antes dele sair ela segurou seu braço
- Eu já me decidi … - Ele o puxou com força
- Eu também
Caetano chegou rápido na delegacia e encontrou Cláudio no telefone com a promotoria.
- Certo, eu a manterei em São Paulo até o dia a acareação. Eu entendo …
Cláudio estava nervoso e sentou pedindo para Caetano fechar a porta
- Laura ?
- Está no Marcus, mas deve estar indo para o Aeroporto
- Marcus ?
- É tranquilo para pensar, apesar … - mas ele ficou em silêncio
- Precisa buscar Laura antes que embarque ou será presa. Os federais a querem aqui para interrogatório, a defesa do sujeito preso em Porto Alegre quer usar o assassinato de Jeniffer como prova da sua inocência. Não sei como ajudar Laura, ela reconheceu o preso e agora … Ela pode ser presa
- Não pode ser um imitador …
- Os legistas estão analisando o corpo da Jeniffer, mas na época a arma não foi encontrada e o corte na garganta, as lesões no corpo, são iguais. Você precisa ir, o caso é do Edmundo, então … se ele chegar nela antes de você
- Estou indo
Edmundo era agente federal, influente, parecia mais um perseguidor de Laura. Corrupto e influente tentava tirar ela da Delegacia de Cláudio para trabalhar com ele, sem sucesso. E uma situação dessas, seria como um grande presente  e ele faria de tudo. Na verdade já estava fazendo.
As notícias sobre a morte da Jeniffer estava sendo divulgadas com seus detalhes reservados, um maníaco solto em São Paulo, talvez em silêncio por anos, seria um desastre. Mas para duas pessoas em Porto Alegre, Cláudio contrariou as ordens e ligou. Eles precisavam saber a verdade.
Frederico o intitulado por ele mesmo como o Coveiro, estava na sua cela. Vários presos em volta riam e olhavam para um grande TV velha, quando um telefone tocou
    -  Chefe … - um dos presos o chamou e entregou o telefone

    - Precisei pegar outra garota, a policia está segurando o caso, preciso forçar a barra, preciso chegar mais perto...
    -  Faça... mas ela é minha
    -  Amanhã isto vai ser uma festa ….
Do outro lado da linha apenas os gritos permaneceram quando a ligação acabou.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Sombras do Passado - Parte 01 - Coveiro

Laura estava com a cabeça baixa sobre os braços dobrados na sua mesa de trabalho. Já fazia dois dias que ela não ia embora. Sobre a sua mesa estava uma dezena de fotos e reportagens de um desaparecimento de uma garota.
Caetano tinha acabado de chegar e colocou sobre a mesa um grande copo de café preto que a fez despertar. Seus olhos castanhos claros e seu sorriso de uma linha única não perdiam a beleza mesmo com inúmeras horas sem dormir ou comer. Ela deu uma leve ajeitada nos cabelos lisos e os prendeu de uma forma desajeitada. Antes de Caetano falar qualquer coisa ela com um dos dedos pediu um minuto e tomou um gole do café e com um sorriso satisfeito o olhou.
- Então alguma novidade? Ontem fiz algumas ligações, mas nada ainda … – falou Caetano sentando ao seu lado.
- Não sei,  essas ligações da casa da garota (Jogou uma lista de telefones sobre a mesa de Caetano) nada... Não há motivos para uma garota sumir assim. Seus pais são pessoas boas, ela não tinha amigos, namorado, não conhecia quase ninguém. Precisamos voltar ao local onde ela desapareceu alguma coisa passou despercebido.
Laura levantou e andou até a janela da delegacia de São Caetano, em São Paulo. Além do desaparecimento da garota Jeniffer mais alguma coisa tirava o sono dela. Ela tinha o café ainda nas mãos e girava o copo, mas não bebia. Caetano levantou e colocou uma das mãos no seu ombro.
- Vamos encontrá-la viva. Tenha fé Laura. – ele segurou seus ombros e a fez virar para olhar seus olhos. Ela ainda estava com a mesma expressão de antes.
Laura sorriu para ele e andou até sua mesa. Pegou a chave do carro e juntou rapidamente todos os documentos da mesa e colocou numa pasta.
- Vamos, se ela estiver viva temos pouco tempo. Não sabemos com quem estamos lidando.
- Tudo bem, mas amanhã você paga o café certo. Desse jeito vou falir Laura.
- Não pedi café Caetano, você comprou porque quis e ainda não trouxe nada para comer. Temos que passar no Marcus, estou faminta – falou dando seu sorriso irônico. Seus olhos vacilaram por alguns segundos e suas mãos tremeram.
No caminho para o Parque, onde Jeniffer tinha sido vista pela última vez, Laura ficou o tempo todo revisando suas anotações e percebeu o olhar questionador de Caetano sobre ela. Sim, ele a conhecia.
Eles se conheceram a muito tempo quando ele veio transferido de Minas Gerais. Laura trabalhava sozinha e foi resistente quando Cláudio o colocou como seu parceiro. Ele ainda lembra dela furiosa na sala de Cláudio jogando as coisas sobre a mesa dele, mas ele falou alguma coisa que a fez mudar de idéia. Até hoje ele nunca perguntou o que era. Nunca falava de onde veio e outras coisas que eles não tinham vivido juntos. Algumas vezes via Cláudio conversando com ela na sua sala fechada, mas jamais ela deu abertura para perguntar sobre o que era.”
Mas de algumas semanas para cá antes mesmo do desaparecimento de Jennifer ela andava diferente. Caetano manteve uma das mãos na direção e com a outra fechou a pasta que estava no colo de Laura.
- Então quando vai me contar o que esta acontecendo? – falou um tom mais baixo que o normal.
Laura levou alguns segundos para ver que a pasta no seu colo estava fechada e direcionou seus grandes olhos castanhos para Caetano. Levemente uma das suas sobrancelhas levantou e ela riu.
- Por que acha que tem algo errado? – mas seu tom de voz era irônico – Tem uma garota desaparecida sem pista e você não acha que tenho motivos para ficar preocupada?
Laura levantou o tom da voz e ergueu as mãos para fazer a pergunta a Caetano. Ele voltou a olhar a estrada e falou um tom ainda mais baixo:
- Quando você vai perceber Laura, que as coisas que te afetam me afetam também? – ele parou o carro no acostamento – Se você não me contar o que esta acontecendo com você não vou poder te ajudar.
- Me ajuda se continuar dirigindo, temos trabalho aqui (Ela segurou a pasta o encarando), certo?
Ele ia desistir mais uma vez e ela ainda não estava pronta. Não mesmo.
Caetano chegou perto da praça de onde Jeniffer tinha desaparecido no último final de semana e viu uma grande agitação. Eles não tinham percebido que a praça estava cheio de pessoas num evento beneficente. Crianças, balões, cama elástica, música, tudo ao mesmo tempo e isso dificultaria as chances de ainda ter alguma pista.
- Caetano preciso voltar ao local onde ela foi vista pela última vez, você poderia ver as câmeras de segurança, pode ter passado alguma coisa?
- Certo – falou indo na direção contrária a Laura, mas voltou alguns passos – Toque cuidado certo?
- Tudo bem Caetano – falou rindo e apontando para um dos palhaços entre a multidão com as mãos na frente do rosto para cochichar – OK – e saindo balançando a cabeça.
A alguns metros um homem com uma fantasia de palhaço e com botas de borracha branca viu
Laura se afastando da multidão e indo na direção do fundo da praça. Entre o final da praça e a rua principal tinha um pequeno atalho que era usado por Jeniffer todos os dias, até Sexta-Feira passada. Laura caminhava despreocupada e não percebia que estava sendo seguida.
Caetano entrou na sala de segurança da praça e pediu autorização para revisar os vídeos. Ficou trabalhando enquanto via na tela principal Laura indo para o atalho da praça seguida pelo palhaço indo na mesma direção, mas nem olhou por mais que dois segundos, a praça estava cheia e o atalho poderia ser o caminho de qualquer um.
Cláudio era o chefe da equipe de investigação de São Caetano e trabalhava a alguns anos com Laura. Estava preocupado porque ela não queria tocar no assunto da liberdade condicional de Frederico. Logo eles a chamariam para fazer acareação e dessa vez ela não poderia fugir.
Estava esperando na linha para falar com Samanta, amiga de Laura.
- Tudo bem, Sam? Como estão as coisas ai na cidade?
- Tudo bem, Cláudio, como esta Laura? Estamos tentando de todas as formas não divulga a data da nova acareação, mas nosso editor esta em cima. Logo será anunciado. Tentei falar com ela ontem, mas essa guria não volta para casa? Celular não sei para que serve ...
- Ela tem ficado direto aqui na Delegacia, esta envolvida com um desaparecimento de uma garota...
- Avisa ela que eu liguei, certo Cláudio. Vou tentar falar com ela mais tarde.
Caetano olhava os vídeos no servidor e não conseguia encontrar os de sexta-feira depois das 22h00min horas. Parecia que as imagens tinham sido apagadas do servidor.
- Alguém teve acesso a esta sala além da empresa de segurança do parque? – perguntou ao responsável pelos vídeos. Ele tinha um crachá com o nome Jorge.
- Não, apenas nos temos acesso e a policia, ontem entreguei uma cópia dos arquivos a um colega seu da Delegacia.
- Colega? Quem veio aqui – perguntou Caetano levantando e olhando o vídeo onde antes via Laura.
Laura não estava mais na tela. O responsável pelos vídeos falava e Caetano tentava encontrar sua parceira nas outras telas, mas ela não estava em nenhuma.
- Esses vídeos – pegou Jorge pela camisa e apontou para as telas na sua frente -  têm como voltar alguns minutos? – quando ele confirmou que sim num movimento com o rosto, Caetano exigiu – então faça agora.
Saiu para a rua e tentou ligar para Laura com o rádio, mas estava sem sinal.
Laura estava seguindo exatamente a trilha de Jeniffer quando encontrou próximo a uma saída do atalho uma pequena mancha de sangue em algumas folhas secas.  Tirou do bolso da calça jeans uma luva cirúrgica e guardou as folhas em um pequeno saquinho de provas.  Bem na sua frente ela viu uma tampa de um dos bueiros mal fechada e saiu do atalho entrando na mata.
 Um homem com botas de borracha branca a observava. Ela abriu a tampa do bueiro com esforço e desceu com uma lanterna nas mãos os degraus com cuidado. Quando chegou lá em baixo tentou falar com Caetano, mas o rádio estava sem comunicação. Antes de começar a caminhar com a arma engatilhada e a lanterna apontada para frente, um estalo de galhos quebrando chamou sua atenção para o bueiro aberto.  
- Oi? – gritou, mas ninguém respondeu. Pensou em voltar, mas alguma coisa chamou sua atenção, parecia uma pequena luz ou reflexo de algo no final do túnel. Ela foi adiante.
O túnel não parecia ter mais de alguns metros de comprimento, mas era apenas uma impressão errada, era longo e passava por baixo da praça. Ela conseguia escutar gritos e risadas das pessoas e não percebeu que a luz do túnel atrás tinha sido fechado.
Caetano tentava falar com Laura e não conseguia disfarçar a preocupação. Entrou novamente e o rapaz logo apertou o play
- Veja, acho que isso é importante? – falou Jorge
Ele via Laura coletar algumas provas e a via sumir na mata. Pensou consigo – Maluca – mas então seu coração acelerou quando viu o mesmo palhaço de antes tirar algo do bolso e ir atrás dela.
- Onde fica isso? – perguntou ao rapaz segurando seu braço
- Na ala norte, caminho principal a esquerda – respondeu enquanto Caetano engatilhava a arma e chamava por reforços no telefone. Ele não sabia se chegaria a tempo, mas correu o mais rápido que pode.
Laura seguia em frente quando escutou um barulho que fez sua espinha se arrepiar. Como se alguém riscasse as paredes com um grande ferro, o som era assustador e familiar. Perturbada deixou cair a lanterna no chão e por alguns segundos não sabia mais para que lado estava indo. A lanterna virava no chão, fazendo tudo piscar e outro som familiar atingiu como uma flecha Laura.
- Lauraaa – era uma voz mecânica. Chamando seu nome... Seu corpo tremia...
Laura via as imagens de dois anos atrás quando foi sequestrada pelo Coveiro, que tinha assassinado mais de uma dúzia de mulheres e que a tinha levado para um velho depósito de vinhos. Ele riscava por fora do tonel onde ela estava pressa e tinha pouco espaço e ar. Os fleches viam na sua mente e ela mantinha as mãos na cabeça ainda com a arma engatilhada.
Um barulho próximo fez seus músculos temerem e apontou a arma para a escuridão. Não tinha certeza se as coisas que escutava eram reais, pois sentia falta de ar.
- Não, não pode ser – sussurrava para si quando alguma coisa passou pelos seus cabelos e pode perceber uma respiração ofegante.
Laura apontou a arma novamente para o outro lado e andou alguns passos a frente. No escuro bateu em alguma coisa e caiu. Catou com as mãos sua lanterna que ainda estava ligada e quando a pegou e apontou para sua frente tinha um caixão com uma tampa de vidro.
Diante dos seus olhos ela via a garota morta com a boca aberta e as unhas em carne viva de tanto tentar arranhar o caixão.
Sua reação foi correr na direção contrária, sem saber para onde estava indo. Bateu em alguma coisa e caiu arranhando o rosto. Quando estava levantando alguém a pegou por trás e ela começou a lutar.
 


O Coveiro

São Paulo_Porto Alegre: Buzinas e um trânsito estressante, calor e a fumaça dos carros ardendo os olhos, um novo crime, um antigo jeito de matar, novos parceiros, antigos reencontros, medo e coragem. Estes são os temperos do Livro O Coveiro - Cemitério de Vidro.

Romance iniciado em 2011 neste blog, mas será revisado e reeditado. Autora: AC - Bea :)

Bom eu disse diversão então aproveite e crie na sua mente a minha trilha:

Temos todos os ingredientes:

Texto fantástico e a música perfeita:




Policiais com lanternas ....

Pés de uma Mulher amarrados com tatuagens ....

Mulher correndo com saltos ... Avião pousando ....

Mãos com unhas sujas arranhando paredes ...

Gritos .... Tiros .... Aperto de Mão ....

Olhar Curioso ... Uma boca reta ....

Um Rosto sem foco ... O Coveiro !!!!

Bem-Vindos !!!


Ainda hoje primeiro texto !!!!